O que era para ser um dia de alegria terminou em tragédia na cidade de Japaratuba, interior de Sergipe. No último sábado (5), Wemisson Marcenas dos Santos Júnior, de 23 anos, foi morto após uma abordagem da Polícia Militar enquanto gravava vídeos com uma motocicleta na região do Rio do Prata. O episódio gerou comoção e revolta, especialmente por coincidir com o aniversário da mãe do jovem.
“Era o aniversário da minha mãe, estava tudo pronto. Bolo, decoração, cadeiras. A coisa mais linda. Esse dia vai ficar marcado para o resto da vida”, desabafou a irmã, Whellen Macena.
Segundo ela, Wemisson e um primo haviam ido tomar banho no rio e decidiram gravar vídeos com manobras de moto para as redes sociais. Nesse momento, policiais militares teriam chegado em alta velocidade e efetuado disparos. “Já chegaram atirando. Só depois perguntaram ao meu primo se meu irmão era uma pessoa de bem”, contou.
A família também denuncia negligência no atendimento à vítima. “Meu irmão saiu do camburão caminhando, entrou sozinho na clínica. Ninguém chamou nenhum profissional. Ele não teve a assistência adequada”, disse Whellen.
A dor tomou conta da família, que ainda tenta lidar com o trauma. “Não estamos conseguindo comer, dormir, seguir a rotina. Estamos despedaçados. Tudo por causa de policiais com conduta errada”, completou.
VERSÃO DA POLÍCIA
A Polícia Militar de Sergipe informou que foi registrada uma ocorrência de roubo de motocicleta em um posto de combustíveis no povoado São José, em Japaratuba. Durante as buscas, uma guarnição teria localizado um motociclista que ignorou ordens de parada e iniciou fuga, colocando em risco os policiais.
Ainda segundo a versão da corporação, o jovem teria portado uma arma de fogo e assumido posição de disparo contra os militares. Em resposta, um dos policiais atirou.
O jovem foi levado ao hospital pela própria guarnição, mas não resistiu aos ferimentos.
A PM informou que os policiais envolvidos foram afastados das funções operacionais e que a Corregedoria foi acionada para apurar rigorosamente o caso. A corporação declarou compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito aos direitos humanos, e prometeu aplicar punições, caso sejam confirmadas irregularidades.
Enquanto isso, a família clama por justiça. “Tiraram o nosso chão. Queremos justiça, queremos respostas”, finalizou Whellen.