Todo dia é momento de celebrar o orgulho e o amor por Sergipe, mas em 24 de outubro, Dia da Sergipanidade, o sergipano o faz com ainda mais carinho. Este ano, a fim de comemorar a data, o Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e em parceria com o Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, promoveu a Semana da Sergipanidade na Praça Fausto Cardoso, na capital. O evento foi iniciado no dia 15 e segue até este domingo, 27.
Nesta quinta-feira, 24, sergipanos de sangue e de coração escolheram celebrar a cultura e a tradição do estado no evento, cuja programação contou com uma aula de ritmos dançantes, apresentação da quadrilha junina Século XX, desfile de moda autoral, apresentação do grupo folclórico Samba de Pareia, de Laranjeiras, e do cantor Júlio César, de Boquim. No local, o público também pode aproveitar alguns dos principais elementos da gastronomia, da literatura e do artesanato sergipanos.
Uma dessas sergipanas foi a aposentada Maria Creusita, de 72 anos, que é natural do município de Itabi e mora em Aracaju há 53 anos. Ela contou que foi vários dias à programação Semana da Sergipanidade e que considera o evento uma importante ferramenta de fortalecimento da cultura de todo o estado. “É muito importante para o nosso estado, que tem que ser divulgado para o Brasil todo, para o povo reconhecer o estado de Sergipe, pois a cultura aqui é riquíssima. Sergipanidade é quando o sergipano participa de toda essa cultura que nós temos, e quanto mais isso é incentivado, mais o sergipano vive feliz”, ponderou a itabiense.
Assim como ela, a estudante Rúbia Naate, 21, de Aracaju, acredita que a sergipanidade deve ser alimentada de maneira contínua. “Eu acho muito legal valorizar, inclusive, nossos artistas da terra, nossa sergipanidade, provar que a gente tem cultura. Para mim, é uma dádiva nascer aqui, onde a gente pode se conectar com o outro de uma forma melhor; a sergipanidade é o orgulho de ser nordestina, e mais ainda, o orgulho de ser sergipana, de viver numa terra em que a gente olha para todos os lados e vê um povo que é muito acolhedor”. reforçou.
Sergipanos de coração, os amigos Fillipe Gomes, 29, e Rayssa Almeida, 20, que vêm de municípios do interior da Bahia, viram o estado vizinho se tornar sua nova casa quando escolheram a Universidade Federal de Sergipe (UFS) para cursar a graduação em Cinema e Audiovisual. Nesta quinta-feira, após um passeio pelo Centro da capital, eles aproveitaram para comemorar a identidade sergipana na Praça Fausto Cardoso.
“No começo, quando eu vim para cá, eu estava com um pouco de receio, porque eu vim do interior da Bahia para um estado novo. Mas eu sinto que, desde o começo, eu fui muito acolhida por Sergipe. Eu sinto que os sergipanos, como um todo, são muito acolhedores. E eu também tive muito contato com a cultura quando eu cheguei aqui, que é uma coisa que eu sinto bastante falta na minha cidade. Eu acho isso muito bonito, e admiro muito a cultura daqui”, relatou Rayssa, que veio de Ribeira do Pombal (BA) para viver em São Cristóvão (SE) há cerca de dois anos.
No caso de Fillipe, a relação com a cultura sergipana se fortaleceu tanto que ele se tornou membro do Grupo Imbuaça, uma das principais companhias de artes cênicas do estado. O estudante, que é natural de Xique-Xique (BA), também revelou que não se imagina mais vivendo em outro lugar senão Sergipe. “Eu sou do interior da Bahia, de Xique-Xique, e antes de mudar para cá eu morei seis anos em São Paulo, que é uma cidade onde o tempo é muito corrido, e aí eu venho para cá e me sinto acolhido. A cultura popular é muito pulsante neste estado, e isso me encanta, tanto que eu passei a fazer parte do Grupo Imbuaça, que tem como foco de pesquisa as culturas e saberes populares. Eu não tenho vontade de sair mais deste estado”, confessou o sergipano de coração.
Patrimônio cultural
Reconhecida como manifestação da cultura nacional desde junho deste ano, a partir da sanção da lei federal nº 14.900/2024, a quadrilha junina é um dos símbolos mais marcantes da tradição sergipana. De acordo com o marcador da quadrilha Século XX, Joel Reis, a apresentação do grupo no Dia da Sergipanidade é prova da força dessa cultura para o estado e, principalmente, de que Sergipe é o país do forró durante todo o ano, e não apenas no período junino. “São 60 anos de existência ininterruptos da Século XX, e este ano a gente veio com um tema totalmente sergipano, sobre a Rua São João. Este é um momento ímpar, fora do São João, pois a sergipanidade não para. A gente sempre está dançando, apresentando e mostrando que Sergipe é isto: é cultura, é arte, é alegria, é amor, é forró, é paixão”, ressaltou o artista.
Diretamente do município de Estância, a artesã Irá Santos produz e comercializa reproduções em miniatura do barco de fogo, elemento símbolo da tradição e da cultura estanciana, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe. “É maravilhoso e muito importante a gente estar aqui representando nossa cultura por meio do artesanato. O pessoal sempre tem aquela curiosidade, quer ver o barco de fogo, saber como se produz, e o barco de fogo é só alegria. Eu me sinto muito feliz com a nossa sergipanidade e me orgulho de ser sergipana e estanciana”, colocou.
Uma das maiores manifestações das comunidades quilombolas sergipanas, o Samba de Pareia foi outro elemento que marcou presença na Semana da Sergipanidade. “Ser sergipana, para mim, é uma coisa muito especial, de muita cultura. Eu tenho muito orgulho, porque eu sou sergipana, negra, quilombola, que participa dessa cultura desde os dez anos de idade”, evidenciou Dona Nadir da Mussuca, rosto que se tornou ícone do grupo folclórico.
Semana da Sergipanidade
O presidente da Funcap, Gustavo Paixão, destacou que a Semana da Sergipanidade foi pensada de forma a explorar um pouco de toda a cultura sergipana. “A Semana da Sergipanidade na Praça Fausto Cardoso é uma realização do Governo do Estado, em parceria com a Fecomércio-Sesc-Senac, que traz muito da nossa cultura, das nossas tradições, das nossas raízes, principalmente do artesanato, da economia criativa, da economia solidária, um mix de shows, apresentações culturais, apresentações artísticas, muito no nosso folclore”, detalhou.