O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu, nesta terça-feira (25), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, após semanas de especulações sobre sua saída. Para o cargo, Lula escolheu Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais e ex-titular da Saúde no governo Dilma Rousseff (2011-2014). Padilha assumirá a nova função no dia 6 de março.
A saída de Nísia aconteceu de maneira discreta. Lula a comunicou sobre a demissão em uma reunião privada, fora da agenda oficial. Horas antes, a ministra havia participado de um evento no Palácio do Planalto para anunciar um convênio para a produção da primeira vacina nacional contra a dengue. O episódio surpreendeu servidores e aliados, já que Nísia foi aplaudida durante a cerimônia, enquanto outros ministros também cogitados para deixar o governo estavam presentes.
A decisão de Lula já era esperada nos bastidores, especialmente após a crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro e o aumento expressivo dos casos de dengue. Mais recentemente, o presidente se mostrou insatisfeito com a demora no lançamento do programa Mais Acesso a Especialistas.
Padilha confirmou a nomeação nas redes sociais e destacou os desafios do novo cargo. "Como médico infectologista, professor e pesquisador do SUS e ex-ministro da Saúde, sei da responsabilidade que isso representa. Fortalecer o SUS continuará sendo nossa grande causa, com atenção especial para a redução do tempo de espera na rede pública", afirmou.
Disputa pela Secretaria de Relações Institucionais
Com a ida de Padilha para a Saúde, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação política do governo e pelo repasse de emendas parlamentares, fica sem titular. O cargo é cobiçado pelo Centrão, mas Lula demonstra preferência por manter um nome do PT na função.
Os principais cotados são a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (SP), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). Aliados afirmam que Lula já decidiu que Gleisi será ministra, mas ainda avalia qual pasta ela assumirá. Caso escolha a SRI, será também uma forma de compensar a saída de Nísia, aumentando a presença feminina no primeiro escalão.
Nos bastidores, há uma ala do Centrão que defende que a secretaria seja ocupada por um nome mais alinhado ao Congresso, como o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), ou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). O objetivo seria garantir maior controle sobre a liberação de emendas e evitar desgastes políticos, como os que ocorreram na gestão de Padilha na SRI.
A reação à demissão de Nísia foi imediata. Parlamentares da base lamentaram sua saída e elogiaram sua gestão, enquanto a oposição a criticou, alegando falta de eficiência no ministério.
Em nota oficial, o Palácio do Planalto agradeceu Nísia pelo trabalho e confirmou a nomeação de Padilha para a Saúde.
Com informações do Planalto.