O prêmio Bola de Ouro, tradicionalmente reconhecido como um dos mais prestigiados do futebol mundial, anunciou Rodri, do Manchester City, como o melhor jogador do mundo na temporada, deixando Vinicius Jr., do Real Madrid, fora do primeiro lugar. O contexto por trás dessa escolha tem gerado discussões, levantando questões sobre a influência europeia na premiação e as subjetividades do prêmio, especialmente em torno de critérios extracampo.
Criado pela revista France Football, o Bola de Ouro sempre teve predominância europeia, tanto nas regras e critérios quanto no perfil de jurados. Este ano, o painel de 100 jornalistas responsáveis pela escolha tem cerca de 41% dos votos oriundos da Europa, enquanto a América do Sul possui apenas 10 jurados. Esse descompasso levanta dúvidas sobre o peso da visão europeia na escolha do vencedor.
O Real Madrid, clube de Vinicius Jr., teve uma temporada de destaque, com a conquista da Champions League e do Campeonato Espanhol. O atacante brasileiro brilhou, acumulando 26 gols e 11 assistências, quase uma participação em gol por jogo, o que muitos consideram uma temporada superior à de Rodri, que foi campeão com o City na Inglaterra e conquistou a Euro com a seleção espanhola. Apesar disso, Rodri não se destacou individualmente no torneio de seleções, enquanto Vinicius Jr. teve um desempenho discreto na Copa América.
Outro ponto relevante é o critério de fair play do Bola de Ouro, um item subjetivo que valoriza aspectos como classe e simpatia, e que pode ter influenciado na escolha. A luta pública de Vinicius Jr. contra o racismo, especialmente após episódios de ataques racistas em jogos na Europa, trouxe visibilidade e apoio ao jogador, mas também críticas de parte da imprensa europeia, que considera seus protestos exagerados. Esse ativismo parece ter incomodado alguns setores, e a UEFA, uma das entidades envolvidas na organização do prêmio, tem evitado abordar diretamente a questão, o que sugere uma postura pouco empática à luta antirracista do brasileiro.
Para Vinicius Jr., a rejeição ao prêmio talvez represente mais do que uma derrota. Ele está na linha de frente de uma causa muito maior: a luta contra o racismo no futebol. Embora não tenha levado o troféu para casa, sua postura e coragem inspiram muitos. Vinicius escolheu um caminho desafiador e ainda que, por ora, isso possa ter custado o prêmio, sua contribuição para um esporte mais inclusivo e respeitoso é inegável.