Brasileiros deportados dos Estados Unidos relataram agressões por parte de agentes americanos durante o voo de repatriação que os trouxe ao Brasil. O grupo chegou a Belo Horizonte neste sábado (25), após paradas em Manaus e no Panamá, onde enfrentaram momentos de tensão devido a problemas na aeronave.
Os relatos apontam que o incidente ocorreu no Panamá, onde o avião teve uma pane em um dos motores. Durante o período em solo, os passageiros permaneceram dentro da aeronave, com o ar-condicionado desligado, enfrentando dificuldades para respirar. Homens, mulheres e crianças passaram mal, e os pedidos para acesso ao banheiro, água e comida foram ignorados.
De acordo com os migrantes, a situação levou a protestos dentro do avião, que resultaram em confrontos com os agentes americanos. Algumas pessoas foram agredidas, algemadas e jogadas ao chão, segundo os relatos. O brasileiro Carlos Vinicius de Jesus afirmou que os agentes chegaram a ameaçar os passageiros, dizendo que poderiam fechar as portas e deixá-los morrer ali mesmo.
Após a decolagem, o avião pousou em Manaus, onde a Polícia Federal brasileira interveio. Os agentes federais ordenaram a retirada dos migrantes da aeronave e garantiram que as algemas fossem removidas. Segundo os depoimentos, a resistência inicial dos agentes americanos gerou novos atritos, mas a Polícia Federal conseguiu garantir a segurança dos deportados.
Já em solo brasileiro, os passageiros mostraram marcas de agressões e algemas. Alguns realizaram exames de corpo de delito em Manaus antes de seguirem para Belo Horizonte. Luiz Fernando Caetano Costa, que viveu um ano e meio nos EUA, descreveu as cenas como desumanas. “Eles bateram nos meninos que estavam algemados, jogaram no chão e deram chutes. Foi uma cena absurda.”
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, informou que irá solicitar explicações formais às autoridades americanas sobre os episódios relatados. O ministro Mauro Vieira se reuniu com representantes da Polícia Federal e da Força Aérea Brasileira para discutir a situação. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, destacou a gravidade das denúncias. “As políticas migratórias não podem violar os direitos humanos. Essas acusações precisam ser investigadas com rigor.”
O voo chegou ao Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, onde os deportados foram recebidos e relataram os momentos de angústia vividos no retorno ao Brasil.