O governo federal planeja intensificar a fiscalização sobre o Bolsa Família com foco nas famílias unipessoais – compostas por apenas uma pessoa – devido à suspeita de fraudes. A estimativa é de que 500 mil beneficiários estejam recebendo o auxílio de forma irregular. A revisão, semelhante ao processo realizado no início de 2023, terá início em janeiro de 2025 e mirará, sobretudo, pessoas que vivem sozinhas e têm entre 18 e 49 anos.
Atualmente, esse grupo representa cerca de 1,3 milhão dos 4 milhões de beneficiários unipessoais do programa, e a expectativa é de que o pente-fino possa gerar uma economia anual de até R$ 4 bilhões. Técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) justificam a revisão pelo elevado número de beneficiários jovens e adultos sem dependentes, grupo que estaria, em tese, fora do perfil típico de maior vulnerabilidade atendido pelo Bolsa Família.
No ano de 2023, uma operação semelhante levou ao cancelamento de 1,8 milhão de benefícios de famílias unipessoais, após a constatação de irregularidades. Dados do ministério indicam que, entre novembro de 2021 e julho de 2022, durante o período pré-eleitoral, 2,4 milhões de novos beneficiários com perfil unipessoal foram inseridos no programa, elevando o total para 5,8 milhões em dezembro de 2022.
Além disso, o governo também avalia ajustes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a pessoas com deficiência e idosos em situação de extrema vulnerabilidade. As novas regras em discussão pretendem limitar o benefício a casos de doenças graves ou condições incapacitantes, como parte de um pacote fiscal coordenado pelo Ministério da Fazenda.
As propostas foram discutidas em reunião na Casa Civil, com participação da equipe econômica do governo e dos ministros da Previdência, Carlos Lupi, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.